Mesclei no quadro da vida,
um emaranhado de cores.
Tracei milhares de rabiscos,
criando sombras e formas.
Nestes traços criei fadas,
príncipes e fantasmas.
Criei castelos, casebres,
longas estradas, curtos atalhos.
Na ponta do meu imaginário pincel,
dei vida a muitas histórias.
Em algumas o sol brilhava,
em outras o céu cinzento
era seguido por um vento
que rasgava pelas campinas.
Num desses quadros
descuidei-me e deixei borrar,
pois uma lágrima teimosa
escorregou e sobre ele caiu.
Noutro carreguei a mão,
abusei do cinza, grafite, negro.
Tentava pintar a dor da solidão,
mas, por mais que tentasse,
não consegui figura-la;
era grande demais...
Não consegui reproduzi-la.
Roxo, negro... dor... morte,
triste quadro, este retrata
a violência que nos assusta.
Pincel na mão, vermelho,
rosas vermelhas,
simbolizando o amor.
Então resolvi fechar minha coleção.
pensei... pensei...
Pronta, obra terminada.
Tela totalmente branca.
Branca! Alguns surpresos dirão.
Sim branca, pura, suave;
este é o retrato da paz.
Autoria: Marilú Pinho e Silva Carçado
Céus! Você é maravilhosa, que forma linda de escrever.