A VOVÓ, O NOVELO E O GATINHO

Eu ainda me lembro saudosa...
A vovó no canto da sala, sentada,
entre um cochilo e uma prosa,
tricotava muito concentrada.

E eu, do outro canto espiava;
o gatinho embaixo da cadeira,
peralta, atento esperava
hora oportuna de sua brincadeira.

O novelo de lã deslizava,
e a vovó distraída nem percebia.
Atenta seus pontos contava,
e eu lá no canto sorria.

Até que vovó cochilou,
e... o novelo foi ao chão;
o gatinho de pronto pulou, dando inicio a confusão.

O novelo todo desfiou,
esparramando a lã pelo chão.
A vovó num susto acordou,
mas não ficou brava não.

E para meu espanto,
olhou para o travesso gatinho,
jogou o tricô num canto
e falou cheia de carinho:

O tricô eu posso refazer,
mas não posso bater ou ferir
este bichano, que mesmo sem saber,
hoje me deu motivos para sorrir.

E assim segue a rotina do dia-dia
Vovó, o novelo e o gatinho.
Vovó fia, o gatinho manhoso desfia;
vovó sorri e o afaga com carinho.

Autoria: Marilú Pinho e Silva Carçado

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